domingo, 26 de janeiro de 2014

Conto #0005

QUINTO PÁSSARO

CANDIDO


“Quando estiver se sentindo deprimido olhe para a imensidão do céu.” Que frase barata de livro de autoestima! Há quase cinco minutos aquele moço está olhando para cima com uma cara abobada. O que será que ele está olhando?
Paro ao seu lado e também olho para cima numa tentativa de imitá-lo. Daqui a pouco outras pessoas que estão passando pela rua também olham para cima, mas não param para olhar, continuam o seu caminho.
Ouço alguém falar de algum lugar:
- Mas o que é que aqueles dois estão olhando?
Com essa frase o moço desperta de seu estado e percebe que estou ao seu lado. Ele me pergunta:
- O que tem naquela janela?
Estávamos em frente a um pequeno prédio residencial.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Conto #0004

QUARTO PÁSSARO

KLEBBERSON OLIVERT


Eu havia procurado por um certo homem aos meus nove anos e acabei encontrando por ele: meu pai. Meu suposto pai, ex-namorado da minha suposta mãe.
Assistia na TV que algumas crianças tinham um pai. Só queria saber se seria bom ter um. Então naquela época eu decidi procurar pelo meu pai. O pequeno problema é que eu não sabia quem ele era. Podia ser qualquer um.
Qualquer homem por aí podia ser meu pai.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Conto #0003

TERCEIRO PÁSSARO

REBECCA


Eu estava em frente a uma casa velha. Tinha um tom rosado nas paredes, apesar delas serem pintadas de verde. A pintura estava descascando. Eu conseguia ver um rosto formado naquela parede.
Era a casa da minha suposta avó.
Suposta, já que eu tinha uma suposta mãe.
Não sei em quem confiar. Por que ela me disse tudo aquilo agora? Não dava para esperar eu completar dezoito anos? Ela já tinha guardado segredo por quatorze anos. Só faltava mais quatro anos. Se eu quisesse podia ir embora com dezoito e eu iria conseguir me virar muito bem.
Quatorze anos é um pouco difícil.
Trinta e um também deve ser uma idade difícil.
E sessenta e nove também.
“Becca, Rebecca, levada da Breca!”

domingo, 12 de janeiro de 2014

Conto #0002

SEGUNDO PÁSSARO

KARINA KATARINA


“Se eu pudesse me livrar dessa dor...”
Dói só de lembrar. A segunda pessoa que coletei o nome também foi uma mulher. Na verdade, era ela quem deveria ser a primeira pessoa da minha lista. A mulher que me criou. Minha mãe.
Quando perguntei se eu poderia colocar o nome dela naquela lista, ela simplesmente me repreendeu e me mandou parar imediatamente com aquilo. Mas se você proíbe alguém de alguma coisa sem uma boa explicação, pode ter certeza que essa pessoa fará e ainda com mais afinco que antes.
Sim. Eu fiz. Não me arrependo de tê-la desobedecido. Afinal, era só um nome. Um nome escrito num pássaro de papel.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Conto #0001

PRIMEIRO PÁSSARO

CALANDRA


O primeiro nome que coletei foi o dela. Nem era um nome inteiro. Faltava o sobrenome. Não fazia mal. As instruções eram vagas. Contando que eu coletasse estaria tudo bem. O feitiço com certeza iria funcionar e eu realizaria o meu desejo. Eu iria realizar um milagre.
Um belo sorriso no rosto. Eu estou sozinho, mas não estou sozinho. Há um monte de pessoas ao meu redor ao mesmo tempo em que não há ninguém. Eu preciso procurar alguém.

Volume 01: Nascido

INTRODUÇÃO

NASCIDO


Mil Pássaros
Mil Segredos
Mil Sofrimentos
Mil Nomes
Mil Sentimentos